AUTOGESTÃO, COOPERATIVA, ECONOMIA SOLIDÁRIA:avatares do trabalho e do capital.
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política, do Centro de Filosofia e Ciências do Homem, como requisito parcial para a obtenção do título de Doutor em Sociologia Política.
Mauricio Sarda de Faria, UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SOCIOLOGIA POLÍTICA, setembro 2005
A partir dos anos 90, tornou-se um fenômeno recorrente no Brasil os trabalhadores assumirem o controle de empresas que, de outra maneira, encerrariam as atividades.A reabertura das fábricas significa sobretudo a manutenção dos postos de trabalho euma forma de evitar os malogros do desemprego. Inicialmente, os termos autogestãoe cooperativa são utilizados para designar esses casos de fábricas recuperadas pelos trabalhadores. A expressão economia solidária surge entre nós em meados da décadade 90, incorporando as experiências de fábricas recuperadas e, ao mesmo tempo,apontando para a constituição de um campo de práticas mais amplo, formado pelasoutras modalidades de associações cooperativistas ou baseadas na ajuda-mútua. Osurgimento de uma pluralidade de instituições de fomento e assessoria, provenientes do movimento sindical, universidades e organizações da sociedade civil,impulsionaram o desenvolvimento desse campo de práticas. Do mesmo modo,algumas iniciativas no campo das políticas públicas de fomento à economia solidária foram e estão sendo realizadas nas esferas municipais, estaduais e federal.A presente pesquisa procura entender o fenômeno das empresas recuperadas no Brasil a partir da experiência histórica do movimento operário, buscando analisar o espectro de contradições e ambigüidades que decorre do seu próprio desenvolvimentono interior desse modo de produção, isto é, que resultam das próprias relações estabelecidas com as instituições do capitalismo, suas estruturas e processos.